Overclean: empresário investigado em operação deu charutos a lobista do MDB

A Operação Overclean, que apura um esquema de corrupção e desvio de emendas parlamentares destinadas a prefeituras de diferentes regiões

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

O empresário Milton Lyra, figura conhecida nos bastidores do poder em Brasília e citado na Operação Lava Jato como lobista ligado a nomes influentes do MDB, voltou ao radar da Polícia Federal (PF). De acordo com informações do jornal O Estado de São Paulo, ele aparece nas investigações da Operação Overclean, que apura um esquema de corrupção e desvio de emendas parlamentares destinadas a prefeituras de diferentes regiões.

Em 2018, Milton Lyra chegou a ser preso por determinação do juiz federal Marcelo Bretas, responsável pelos processos da Lava Jato no Rio de Janeiro, no âmbito da Operação Rizoma — um desdobramento das apurações sobre irregularidades em fundos de pensão.

Segundo a publicação, a PF descobriu que Lyra foi alvo de investidas do empresário Alex Parente, apontado como um dos principais articuladores do esquema investigado pela Overclean. Em uma tentativa de aproximação, Parente chegou a enviar ao lobista uma caixa de charutos personalizada.

Mensagens extraídas do celular de Alex Parente, apreendido durante a primeira fase da operação, revelam o interesse em estabelecer uma relação mais próxima com Milton Lyra. De acordo com os investigadores, Parente era “responsável por deliberações estratégicas” voltadas ao desvio das emendas parlamentares. Ele foi flagrado com R$ 1,5 milhão em espécie em um jato executivo interceptado em Brasília.

Em uma das conversas, o empresário Gabriel Mascarenhas Figueiredo Sobral encaminha uma reportagem sobre o arquivamento de uma ação penal contra Lyra por lavagem de dinheiro e organização criminosa e comenta: “Tem 1 semana que a justiça liberou os bens. Tá rico de novo agora aguenta pressão kkkkkkkk”.

Parente responde com ironia: “Ainda bem que eu dei o charuto antes, avise a ele que estou aberto pra convites kkkkkkkk”.

A Polícia Federal afirma que Gabriel Sobral teria atuado como lobista nos ministérios do Desenvolvimento Regional e da Agricultura e Pecuária para destravar emendas e convênios suspeitos. As duas pastas negam qualquer atendimento a ele. A defesa sustenta que Sobral trabalha exclusivamente no setor privado.

Alex Parente é acusado de liderar fraudes em contratos com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), na Bahia. Ele é investigado por supostamente destruir provas e tentar manipular dados para dificultar o andamento das investigações.

Vale lembrar que, na primeira fase da Operação Overclean, os policiais federais identificaram que Parente e o então coordenador do DNOCS na Bahia, Lucas Maciel Lobão Vieira, faziam uso de aeronaves para o transporte de grandes quantias em dinheiro vivo. Ambos foram seguidos desde um hangar em Salvador até a abordagem em Brasília, onde foram encontrados com R$ 1,535 milhão sem origem comprovada.

Tribuna da Bahia

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